17.3.10

pelo respeito aos nossos olhos.

Nos últimos tempos tenho passado boa parte do meu tempo no Centro de Caxias, sendo assim, algumas percepções que antes eram somente impressões tornaram-se hoje uma certeza de incomodo.
Para os que não sabem, trago a tona que sou publicitária de formação, mas ao contrário do senso comum não sou grande fã de aglomerados de comunicação nas ruas; e surpreendan-se, sou até a favor da Lei Cidade Limpa que foi aplicada em São Paulo. 
Sendo assim, se tem algo que me aborrece profundamente ao andar pelo centro da nossa cidade é me deparar com luminosos gigantes nas fachadas de lojas que ocupam prédios antigos da nossa cidade. Já falei aqui e repito que a arquitetura é uma forma de arte permanente e vísivel a todos. Quantas vezes escuto muitos comentarem "Ah, como Buenos Aires é bonita, toda aquela arquitetura conservada", o mesmo se repete quanto a Paris e outras diversas cidades europeias. 
Certo que Caxias possui um número muito menor de prédios antigos devido a sua pouca idade de existência, mas percebe-se muito menos a existência deles, pois a maioria está escondido atrás de placas enormes, feias e sem necessidade.
(O super Cesa tinha conseguido manter o bom senso, 
mas o IMEC destruiu)

Me pergunto: quem faz isso? Quais os princípios utilizados para justificar a necessidade de ter o nome da tua loja ou qualquer outro segmento comercial estampado em toda a área da tua fachada? Qual teórico de marketing ou comunicação pode ser usado na defesa?
A resposta: NENHUM.
Quem faz essas agressões a paisagem urbana da cidade não deve ter (além de escrúpulos) qualquer conhecimento sobre comunicação visual, branding, arte ou arquitetura. São daqueles tipos de roedores  que acreditam que "botar o logo lá, bem grande" é solução pra alguma coisa. Mas a culpa, dique bem claro, não se encontra só nos profissionais da comunicação, mas em toda a cadeia produtiva envolvida. Esta nos donos desses estabelecimentos, que sem cultura sobre mercadologia e sem bom gosto nato querem aparecer a qualquer custo. Esta na prefeitura que não impõe regras e nem incentivos, para que a arquitetura antiga seja REALMENTE preservada (e posteriormente utilizada como chamarisco para turistas, caso o bem estar da população não seja motivo tão interessante). E esta em nós população e consumidores que ignoramos esse fato, mesmo que os olhos não se sintam a vontade, e continuamos calados e comprando nesses estabelecimentos.
(a fachada linda e reformada se esconde atrás de um letreiro gigante. 
Eu não iria num dentista como esse mau gosto.)

A comunicação e arquitetura devem, adivinhem, se comunicar. 
Uma bela fachada agrega valor a sua marca. E mais, senhor lojista, não é necessário uma placa ENORME para que saibam da tua existência. Na maioria das vezes isso é disperdicio, afinal o pedestre não olha pra cima.
Então, por favor, vamos trabalhar o bom senso e a estética, e lembrar que uma cidade bonita ajuda no bem estar de todos nós.
(ps. você não vai faturar menos por ter uma placa menor, ao contrário, todos prezam pelo bom gosto. Pode apostar.)