15.4.09

sentindo os sentidos e dando sentido.

Existe uma dialética nesse nosso novo mundo, nessa pós-modernidade quase pós-pós-modernidade: se o individualismo cresce acelerado, por outro lado não queremos mais ficar sozinhos. Pra isso criamos diversos meios que incluem religiões cada vez mais intimistas, tecnologias que permitem estar sempre conectados, realitys shows (sim, porque nada supera mais a sensação de não estar sozinho do que ligar no pay-per-view do BBB de madrugada). 
Mas esses métodos de conexão ao invés de curar a solidão, a tornam mais nítida. Afinal, quando chegamos em casa numa quarta-feira a noite, dia de jogo de futebol, sofá e pipoca, nada encomoda mais do que não ter com quem gritar gol em tempo real (sem jet lag da internet). E se a chuva começa, não tem nada pior do que não ter a quem abraçar e se aconchegar a noite toda, e nessas horas o telefone não basta, ele só acentua a angústia de não poder sentir o toque.
Bem verdade que o homem aprendeu a dominar a audição e a visão, tornando-a cada vez mais permanente. Mas infelizmente (ou felizmente) ele ainda não conseguiu simular o olfato, o toque e o gosto. E são esses 3 sentidos que nos deixam solitários mesmo que pelos olhos e pelos ouvidos estejamos sempre acompanhados. 
Sei que a tecnologia não tem limites e que aos poucos até o cheiro e o gosto tornam-se dados de fácil disseminação, no entanto, o toque, esse, dificilmente será substituído, ao menos, de maneira completa.
Hoje, por exemplo, eu sinto falta do cheiro, do toque e do gosto de muitas coisas, e não há página no google que possa me satisfazer.


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