16.5.09

um dia.

Um dia você acorda olha pela janela e percebe um pássaro que voa rapidamente por entre os arbustos do terreno baldio ao lado. Ele parece solitário, mas não triste. As cores dele não são tão encantadoras quanto a de um agaporne, mas de todo o jeito ele é bonito e parece forte. E é exatamente isso que te chama atenção: a fortaleza dele. Tão seguro, tão despreocupado como o sol de inverno. 
Sol de inverno que bate na sua janela e te faz franzir os olhos com cuidado. Você respira fundo e percebe que aquele é um dia silencioso. Apesar disso, escuta baixinho, o som que vem do apartamento ao lado, a voz é conhecida, Morrissey. Há um lugar ao sol para qualquer um, que tenha a força de correr atrás dele, diz a melodia. Parece uma mensagem vinda especialmente para acalmar o seu coração e atiçar a sua mente. 
Você então se senta e sente que sua mente voa. Milhões de palavras se atropelam e todas parecem te amarrar. Suas mãos pesam, assim como os seus pés. Seus olhos já não enxergam aquilo que o sol ilumina. Você começa a discordar do ar que respira e desprezar o que o seu corpo toca. 
Eu só queria parar o mundo. Eu só queria parar o mundo. Eu só queria parar o mundo.
Essa frase se repente infinitamente na sua mente. Você sente raiva por alguns minutos, mas isso passa e você não sente mais nada. O descontentamento com as coisas do mundo, desaparece. A hiprocrisia humana, a violência, o descuido com o meio-ambiente, os sorrisos falsos, as palavras estúpidas, as crianças morrendo, os animais sendo mal tratados, os políticos desviando, a sociedade sendo mesquinha; nada disso faz diferença. 
Então, você levanta da cama, toma um banho, coloca sua roupa, se olha no espelho e volta ao seu cotidiano.
Afinal, você é humano, e humanos não devem pensar.

Um comentário:

Carlos Stein disse...

Chama o Morryssey pro teu apartamento, Bruna. Ombro amigo.
Às vezes a gente precisa, né?