11.10.10

Oremos!

No dia 28 de agosto me formei. Não vou dizer que "finalmente", porque a faculdade passou muito mais rápido do que eu esperava. No entanto, não vou negar que foi um momento marcante e inesquecível.
Inclusive tive a honra de ser, juntamente com o meu colega Lucas Coelho, oradora dos formandos 2010/1 de Publicidade e Propaganda pela ESPM.
Vou dividir com vocês o nosso discurso.

DIRETORES DA ESPM PORTO ALEGRE, PROFESSORES, FAMILIARES, AMIGOS, QUERIDOS COLEGAS, BOA NOITE.

SABEMOS QUE FOMOS ESCOLHIDOS POR VOCÊS PARA SERMOS OS ORADORES E PREPARARMOS O DISCURSO DESSA NOITE TÃO ESPECIAL PARA TODOS NÓS. NO ENTANTO, NÃO FAREMOS ISSO. ESSA NOITE NÓS ESTAMOS AQUI PARA CONVERSAR COM VOCÊS. E MÓDESTIA A PARTE DEPOIS DE TODOS OS TRABALHOS APRESENTADOS DURANTE ESSES ANOS E DAS BANCAS ENFRETADAS, A GENTE CONSEGUE SE VIRAR.

ANTES DE MAIS NADA UM CONSELHO NO MELHOR ESTILO PEDRO BIAL: TOMEM RED BULL.

E UMA PERGUNTA: VOCÊS SABEM DO QUE É FEITO UM GRANDE PUBLICITÁRIO?

DIZEM QUE O QUE FAZ UM PUBLICITÁRIO DE SUCESSO NÃO SÃO OS CASES QUE ELE CONHECE, E SIM, OS CAUSOS QUE ELE VIVEU. SÃO AS HISTÓRIAS QUE ELE NÃO VAI CONTAR PARA OS NETOS, OS PERSONAGENS ÚNICOS QUE ELE CONHECEU NUMA NOITE CHUVOSA DE TERÇA-FEIRA, AS REVISTAS VELHAS QUE ELE ENCONTROU NA GARAGEM DA FAMÍLIA.SÃO AS CONVERSAS QUE ELE OUVIU DA MESA AO LADO, OS ACONTECIMENTOS QUE ELE PRESENCIOU NO ÔNIBUS INDO PRA FACULDADE, AS FILOSOFIAS QUE ELE CRIOU NAS MESAS DE BAR PELAS QUAIS PASSOU. SÃO AQUELAS IDEIAS QUE ELE ANOTOU NO CADERNINHO QUANDO ESTAVA NO 1° SEMESTRE DA FACULDADE DURANTE UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO E OS LIVROS QUE LEU SEM PRETENSÃO NO VERÃO QUANDO AINDA NÃO ERA ESTAGIÁRIO.

UM VEZ EM UM DISCURSO DE UMA FACULDADE DE MEDICINA, A ORADORA ALERTOU OS SEU COLEGAS: “NÓS ESTAMOS AQUI PARA CUIDAR DE VIDAS!!!”.
POIS TENHO UM ALERTA PARA FAZER A VOCÊS: NÓS TAMBÉM! PORÉM NÓS CUIDAMOS DE MARCAS E POSSUÍMOS UM PODER QUE NEM O MAIS SENSACIONAL DOS MÉDICOS POSSUI: O PODER DE RESSUSCITAR. POIS COM UM BELO PLANEJAMENTO DE MARKETING E UMA BOA COMUNICAÇÃO, ISSO É POSSÍVEL. PORÉM NÃO PENSE QUE ISSO É MOLEZA E QUE UM BRAINSTORM PODE RESOLVER QUALQUER PROBLEMA.

AO DECIDIRMOS SER PUBLICITÁRIOS ACEITAMOS NOS DEDICAR, MESMO QUE INCONSCIENTEMENTE, 24H A ESTÁ PROFISSÃO. MAS AO CONTRÁRIO DO QUE MUITOS DIZEM, SER UM PUBLICITÁRIO NÃO É APENAS ESTAR RODEADO DE MODELOS BONITAS, ESTAR PRESENTES NAS MELHORES FESTAS, USAR ROUPAS COLORIDAS E GANHAR MUITO DINHEIRO FAZENDO TROCADILHOS. TALVEZ FOSSE ISSO QUE A GENTE ESPERAVA QUANDO FIZEMOS O VESTIBULAR, MAS ACHO QUE HOJE, A GENTE SABE MUITO BEM QUE A NOSSA PROFISSÃO É MUITO MAIS COMPLEXA.

PUBLICIDADE ENVOLVE TER QUE ATENDER O CELULAR À MEIA NOITE E OUVIR AQUELE CLIENTE PEDIR PARA VOCÊ TROCAR TODA A CAMPANHA QUE JÁ FOI ENVIADA PARA A GRÁFICA. ENVOLVE MUITAS VEZES ESQUECER O SIGNIFICADO DE UM FINAL DE SEMANA. MAS PRINCIPALMENTE, ENVOLVE NÃO TER PRECONCEITOS, TER UM CORAÇÃO ABERTO E UMA MENTE QUE NÃO SE PRENDA A QUALQUER LIMITE.

NISSO ESSES ANOS DE ESPM FORAM GRANDES PROFESSORES. AFINAL, ME LEMBRO BEM DO 1° SEMESTRE DA FACULDADE QUANDO EM UMA MESMA SALA SE REUNIRAM PESSOAS COMPLETAMENTE DIFERENTES. ERAM SOTAQUES OPOSTOS, COSTUMES CONFLITANTES. PESSOAL DA FRONTEIRA, DA SERRA, DA CAPITAL, DO INTERIOR, TODOS JUNTOS TENTANDO SE ENTENDER. EMOS, PATRICINHAS, ROCKERS, PAGODEIROS, HIPPIES; RÓTULOS QUE AOS POUCOS FORAM SENDO ABANDONADOS E SUBSTITUIDOS POR UMA SÓ NOMEAÇÃO: PUBLICITÁRIOS.

ENQUANTO APRENDIAMOS AS TEORIAS DE KOTLER, AS MATRIZES DE PORTER, O PRISMA DE KAPFERER, OS FILTROS DO PHOTOSHOP; APRENDIAMOS TAMBÉM A CONVIVER, A DEIXAR DE LADO QUALQUER PRÉ-JULGAMENTO.
E ESSE ABANDONO DE PRECONCEITOS, MEUS CAROS COLEGAS, FOI O MAIOR DOS APRENDIZADOS QUE TIVEMOS AQUI. APRENDIZADO QUE NOS PROPORCIONARÁ NÃO SÓ SER GRANDES PROFISSIONAIS, MAS TAMBÉM GRANDES PESSOAS. FORTES NOS NOSSOS IDEAIS E ÉTICA, MAS MUTANTES O SUFICIENTE PARA SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO, SEJA ELE O CONSUMIDOR OU O PRÓXIMO

E É CLARO QUE EM MEIO A ESSA DIVERSIDADE QUE CONTRIBUIU TÃO FORTEMENTE PARA A FORMAÇÃO, NÃO PODEMOS DEIXAR DE AGRADECER AOS PROFESSORES. AQUELES QUE, NA SUA EXCENTRICIDADE INDIVIDUAL, NOS TRANSMITIRAM ALÉM DE CONTEÚDO, EXPERIÊNCIAS DE VIDA IMPAGÁVEIS. A VOCÊS O NOSSO MUITO OBRIGADA, E A CERTEZA DE QUE AINDA NOS ENCONTRAREMOS MUITAS VEZES NA VIDA.
AS NOSSAS FAMÍLIAS, AGRADECEMOS POR TODO APOIO E PRINCIPALMENTE, POR NUNCA TEREM LIMITADO A NOSSA CRIATIVIDADE E NOS PERMITIDO CONTINUAR ACREDITANDO QUE AINDA VAMOS GANHAR DINHEIRO SENDO PUBLICITÁRIOS.

BRINCADEIRAS A PARTE, QUERIDOS COLEGAS, O CAPÍTULO QUE HOJE ENCERRAMOS, É NA VERDADE O PREFÁCIO DE UMA GRANDE HISTÓRIA A SER CONSTRUIDA POR CADA UM DE NÓS. UMA HISTÓRIA QUE TEM COMO TRAMA A PAIXÃO PELO QUE FAZEMOS, A CURIOSIDADE INSACIÁVEL PELAS COISAS DO MUNDO E O PRAZER EM CONVIVER COM OS MAIS DIVERSOS TIPOS DE PESSOAS.
HOJE SAIMOS DAQUI SENDO MUITOS EM UM. E CERTOS DA PROMESSA DE QUE AINDA VAMOS NOS REENCONTRAR MUITAS VEZES.

MUITO OBRIGADO!

E TOMEM RED BULL, VOCÊS VÃO PRECISAR!

22.9.10

Live your dream and wear your passion.

Minha maior paixão talvez seja observar. Observar as pessoas, o mundo, as ruas. Me observar.
E acredito que esse seja um dos exercícios mais grandiosos e proveitosos a se praticar. 
O nome desse blog, pra quem não sabe, vem exatamente dessa prática. Desde pequena costumava prestar atenção em tudo que se passava, inclusive naquilo que não devia. Por isso, meu pai me apelidou de Parabólica. Quando criança talvez isso fosse motivo para eu ser considerada uma filha (sobrinha, aluna, irmã) xereta, mas hoje, é a característica que me diferencia e me faz adorar a profissão que pratico.
Toda essa introdução é pra esclarecer o por que deste blog não tratar de um assunto pré-definido e ir de críticas sociais à devaneios românticos em apenas alguns posts. 
É também para expor aquilo que de mais importante eu descobri a partir dessa minha "mania". A beleza que se encontra na diferença da forma de ser de cada um. Nos gostos, nas preferências, nas diferentes formas de ver o mundo. E a importância de largar preconceitos para viver de forma plena.
Existe algo de apaixonante na nossa existência, na excentricidade individual de cada um. E isso é o que eu considero a melhor definição de LIVE STRONG. É viver a nossa totalidade como seres heretogêneos, que nascem sozinhos, mas que dependem fortemente da existência dos outros indivíduos para sermos realmente completos. 
Viver é ir além do hedonismo superficial com o qual nos acostumamos e que nos limita nas nossas experiências de vida. Viver de maneira completa é ter paixão pelos dias que vivemos, pelas pessoas que conhecemos, pelos lugares que visitamos. É suspirar de amor pela simples ideia da existência do dia seguinte. 
É dar significado aos nossos atos, procurando dar significado aos dias que vivermos.



21.9.10

passou.

Por muitas vezes eu senti como se estivesse me perdendo.

Como se nada fizesse sentido, nem minha voz, nem meus pensamentos, muito menos a forma como minhas mãos se comportavam. Eu havia perdido o sentido, cada vez que tentava encontrar um significado. 
Nos dias, nas horas, nas angústias, nas ansiedades, nas verdades para que não fossem mentiras.
Insisti até que enlouqueci. No branco dos meus pensamentos, das folhas que não escrevi. 
Mas foi na loucura que encontrei a sanidade. Do corpo, da alma, do coração. 
Foi quando perdi o fôlego que aprendi a ver na chuva o aviso de um novo dia, a perceber que a tempestade às vezes vem pra destruir aquilo que não deve mais existir.

Por aqui, choveu por muitos dias. 
Mas agora não chove mais.

E as lembranças daqueles dias?
Se apagaram com a chuva.










27.7.10

a volta dos que não foram.

Julho chegou e agosto se aproxima, e depois de uns meses afastada do Parabólica, voltei. As explicações para as minhas férias forçadas são a mesma chatice que por esses meses repeti: TCC. Quando se precisa chegar em casa e escrever obrigatoriamente sobre o mesmo assunto durante 4 meses, de alguma forma a mente foge dos bons e criativos pensamentos e os dedos se negam a passar a madrugada escrevendo, mesmo que sob aleatoriedade. 
Aos que não sabem minha monografia explorou o marketing na Igreja Universal do Reino de Deus. Temática que muito me acrescentou e a outros tantos surpreendeu, como diria minha mãe "Bruna, eu e tua irmã nos perguntavamos, por que cargas d'água tu escolheste justamente esse tema?". E como eu respondi durante esses meses a todos que me perguntaram: porquê não há nada mais curioso do que a fé, do que a necessidade do homem de ter no que acreditar e do quanto essa crença move o mundo. Como publicitária, o capitalismo selvagem que move a minha profissão necessita desse entendimento, pois no fundo o que queremos é que os nossos consumidores tenham fé nas marcas e tornem-se fiéis.
As analogias entre a religião e o consumo não param por aí e muitas vezes superam a simples utilização de termos semelhantes, chegando a paracer-se também nas técnicas empregadas.
Em breve, postarei com mais aprofundamento sobre o assunto. Afinal, o TCC é praticamente um filho gerado a fórceps, mas que quando nasce nos enche de orgulho.

Fico feliz de estar de volta e prometo que nunca mais abandonarei por tanto tempo o Parabólica.


13.4.10

Prostituiram a minha profissão. E agora?

O post de hoje nasceu de algo que acabo de ler em um fórum de discussões. Nele, "designers" e leigos discutiam sobre quanto poderia cobrar-se por um logo. A discussão em si já é o princípio do problema, mas uma resposta de um dos envolvidos sugerindo que "20 pila" era suficiente foi o que me chamou a atenção. Para completar, em um outro site vendem-se logos por R$500 parcelados no cartão de crédito e incluindo Manual de Identidade Visual e papelaria.

Foi ai que, de tudo isso um único pensamento invadiu a minha mente (desculpem os palavrões): 
"Transformaram a publicidade/design em uma p#ta pobre!"

Pra mim é muito difícil entender como podemos chegar a esse patamar, ainda mais no momento econômico que vivemos. Pra começo de conversa a nova lógica capitalista, a qual afeta consumidores - os quais exigem produtos que reflitam a sua personalidade; e produtores - os quais necessitam pensar os seus produtos orientados para os seus consumidores, aumenta a responsabilidade daqueles que pensam a construção do valor simbólico de bens e serviços. Afinal, é realidade conhecida que para sobreviver na selva de organizações globais, as quais produzem globalmente e assim concorrem globalmente, é necessário muito mais do que um produto e sim uma marca que fale e valha por si.


Além disso, fazer publicidade ou pensar design não é um trabalho braçal e sim uma organização de pensamentos e conhecimentos das mais diversas esferas: pscicologia, econômia, artes, semiótica e tantas outras que tornam-se necessárias dependendo de cada caso. Requer tempo e dedicação.


O problema não é cobrar 20 ou 500 reais por um logo e sim perceber que o precificam como se fosse um trabalho mecânico, igual para todos os casos. Não é assim. A criação de um logo, pra começo de conversa, é só a ponta de um iceberg, nenhuma empresa existe sem, mas também não passa da mediocricidade só com isso. 
Isso vale na mesma proporção para aquelas empresas que chegam para uma agência e dizem "faz um anuncinho ai" (quando elas dizem isso, por sinal, esperem que elas também vão pagar qualquer coisinha). Ou para aqueles clientes que mandam fazer o site com o sobrinho que fez um cursinho de corel mês passado.


Não vou comparar a comunicação com outras profissões, pois acho ignorância fazer isso em qualquer caso, mas é importante ressaltar que, apesar de não matar ninguém, ela implica responsabilidade e conhecimento como qualquer outra. Nosso trabalho afeta diretamente a vida das pessoas, no que elas consomem, querem ser e são.

Para encerrar, acho importante fazer duas considerações. A primeira é que nós comunicadores somos responsáveis por isso, afinal quando concordamos com isso estamos assinando o atestado de que o nosso trabalho vale pouco. A segunda, empresas queridas (principalmente aqui da região) lembrem-se que a sua marca (a qual não é só o logo, mas tudo que lembram sobre a tua empresa) é aquilo que falará por ti enquanto dormes.

(essa discussão continua uma hora dessas)