22.2.10

Vamos falar algumas verdades sobre Caxias.

Aqui teu sobrenome conta sim, afinal um parentesco sempre é sinônimo de tentar dar um jeitinho. Jeitinho que é coisa de brasileiro, mas aqui ninguém admite isso, porque todo mundo é Europeu. E lembre-se o importante é ter descendência, mesmo que os teus parentes da Itália não saibam quem você é se recusem qualquer tipo de contato. 
A Festa da Uva acontece de 2 em 2 anos e envolve 3 principios: vaidade, política e tradição. E os 3 andam juntos e embutidos. Toda ideia nova é ruim, mas quando é aprovada pela população é patrimônio. Mudar o Desfile da Sinimbu é praticamente um pecado. Agora trancar uma das ruas principais de uma cidade de meio milhão de habitantes não é. 
Falando em ruas, a cidade cresceu, o número de carros também, mas mesmo assim não existe um engenheiro de trânsito competente para mudar a malha urbana da cidade. Acho que querem tanto que Caxias seja Londres, que preferem que o trânsito pare e assim se pareça ainda mais com a Capital Britânica. Afinal, alguém sabe me explicar porque todo movimento de entrada da cidade desemboca na Sinimbu?
Falando em mudanças a única mudança rápida diz respeito a demolição da arquitetura antiga. Isso todo mundo faz que não vê. Pelo jeito patrimônio cultural não engrandece ninguém. E só é bonito aquilo que é novo. (já falei disso aqui)
Os restaurantes que mais duram são aqueles que tem cara de simples, servem filé, massa, tortéi e galeto. Pouco importa que o preço seja salgado, contanto que se conheça o dono. 
O mesmo se vale pra cena noturna, na qual a fila é sinônimo de noite boa. E os privilégios de poucos parecem não ser notados.
Na verdade esse principio vale pra tudo, desde salões de beleza, lojas até posto de gasolina. 
Aqui a meritocracia parece ser esquecida na maioria dos casos e a "irmandade" prevalece.

Essa é a nossa Caxias.
É assim que a gente funciona. E nem adianta tirar o corpo fora.



5 comentários:

Unknown disse...

Como já tuitei antes: Caxias acha que é uma micro São Paulo quando, na verdade, não passa de uma macro Ana Rech.

Angelo Borges disse...

Beleza de post hein Bru?

Concordo em número, gênero, grau, conceito, cores e fontes.

O nosso ramo por aqui vale meia dúzia de posts, tranquilamente.

Beijo.

Laura Coronel disse...

Olha, não conheço Caxias, mas minha família é de Bagé, então desse jeitinho brasileiro, entendo bem. A cada vez que leio teu blog fico mais fascinada pelo fato de que as tuas palavras fluem quase como uma canção. Argumentos validos e perspicazes são essenciais para todo mundo, e disso acho que tu tem de sobra!
Saudades dona Bruna, e continua escrevendo como sempre.
Beijocas.

M,J. disse...

A questão da importância do sobrenome é inerente às cidades pequenas e provincianas. Como é sabido que Caxias não é pequena, resta a segunda qualificação. Quanto ao jeitinho, interessante!, como sou natural de outro estado e exerço aqui um cargo público federal, recebo muitas investidas e, claro, acabo tendo que ensinar princípios basilares a essas pessoas: legalidade, impessoalidade e ética, isso sem falar de caráter.
Quanto a Festa da Uva, você colocou bem os adjetivos, inclusive na ordem correta, ou seja, tradição por último. Uma festa que seria para retratar as origens da sociedade, não passa de um evento que ocorre na área urbana e em um galpão cheio de revendas de automóveis. Bem tradicional!
Interromper a Sinimbu? Bom, sempre abominei a ditadura da maioria, quiçá a da minoria! Inconcebível prejudicar o dia-a-dia de uma cidade, de uma economia, do ir e vir da sociedade, por qualquer evento que seja
Infelizmente, "tudo como d´antes no quartel de Abrantes".

Giovana Rizzon disse...

Adorei teus comentários sobre a cidade. Nasci em Caxias mas moro em Porto Alegre atualmente. Cada vez que subo a serra para ver minha família, o que mais me chama a atenção é a quantidade de prédios que está sendo construída na cidade. E como caxiense não gosta de "coisa velha" (leiam-se prédios lindíssimos que se destroem em finais de semana para constuírem estacionamentos) tampouco gosta de árvores! Cada vez que constroem prédios sejam eles residenciais ou comercias, não podem perder alguns metros para fazerem um jardim. Tem que construir na calçada, com muitas marquises - para que depois sejam colocadas as tais placas que congestionam a vista já nem tão bonita de nossa cidade.